knizka mi urobila fakt dobre, Celkovo mam slabost pre pribehy rozpravane z detskej perspektivy a tato mala knizka je velmi prijemnou formou escapismu z nasej sedej dospelackej reality.
Na par dni som sa ponorila do sveta detskej fantazie, naivity a snov, v ktorych je mozne vsetko, dokonca aj vyhodit do vzduchu obrovske sovietske mauzoleum.
Ondjakiho styl mi strasne zapasoval, ciste detske rozhovory, miesane s humorom a krasnym myslienkami prichadzajucimi od neskutocne zaujimavych postav ako blazon Morska Pena, sudruh Dobrovečer, babka Catarina ci laskava babka Devatnastka.
A este sa to vsetko deje v postkolonialnej Angole co je moja srdcovka samo o sebe,
Tesim sa na dasie veci od Ondjakiho : Fajn kniha, prvá o Angole, ktorá sa mi dostala do rúk.
Z detskej perspektívy rozpráva príbeh z luandskej štvrti Praia do Bispo, kde sa s ruskou pomocou stavia mauzóluem pre prvého angolského prezidenta, Agostinha Neto.
Má to svoj humor aj dobrodružstvo, a hoci detský rozprávač nie je moja šálka kávy, čítalo sa to dobre.
estórias de antigamente é assim que já foram há muito tempo
sim, filho
então antigamente é um tempo, avó
antigamente é um lugar
um lugar assim longe
um lugar assim dentro Ondjaki vai desfiando suas vozes como quem desfia um novelo há muito guardado.
Há momentos de fácil desenrolar, quando a linha parece querer escapar dos dedos e as vozes tomam seu rumo por conta própria, correndo como os garotos a buscarem a alegria na espuma da praia.
Há outros em que surgem emaranhados, nós apertados que interrompem o livre deslizar, no mesmo ritmo da infância que não quer crescer para não se transformar em “maisvelhos”.
“As coisas antigas não têm muita graça de rir”, diz um dos personagens, E o autor vai brincando com o tempo como o tempo brincava com os moradores daquele vasto mundo dentro de Luanda: “Está muito escura a PraiaDoBispo, não sei se o tempo vai querer passar por aqui”.
E então, “o tempo tinha decidido que já podia passar”,
O livro vai buscar no diaadia da PraiaDoBispo cores, cheiros, sabores e sonhos tão locais e, por isso, tão universais, alterados pela presença indesejável dos soviéticos “lagostas azuis”, que vieram do “tãolonge” mudar o que era perfeito.
Apesar e além dos conflitos políticos, as crianças mostram um viver com esperança e humor, achando graça até mesmo nos momentos mais difíceis.
AvóAgnette, Charlita, AvóCatarina, Dona Libânia, EspumaDoMar, Pi ou,, VendedorDeGasolina, CamaradaBotardov são personagens que conhecemos pelo olhar do narrador, que acha estranhos “os maisvelhos que fazem coisas repetidas todos os dias apesar de saberem que há coisas que não mudam”.
As brincadeiras na PraiaDoBispo são atropeladas por guardas, proibições, dinamites, Mas, conhecendo sua terra como ninguém, as crianças vão burlando limites e limitações, físicas e pessoais, para salvar o seu pedaço do paraíso.
Isso sem deixar que os adultos as subestimem por sua condição: “e eu lembrei dos maisvelhos, de tantos maisvelhos que eu já tinha conhecido e que não sabem às vezes acreditar nos segredos simples das crianças”.
Segredos que fazem dessa uma história para ser lida com os ouvidos, Explico: a escrita de Ondjaki tem ritmo e melodia como se as palavras dançassem uma cantiga angolana de antigamente, esse tempo mais conhecido como um “lugar assim dentro”, que nos remete a uma infância que sequer é nossa talvez porque, no fundo, todas as infâncias se assemelham, sejam quais forem seus personagens e cenários.
Faz parte dessa dança um jeito malemolente de nomear as coisas de outra forma que não a pela qual são conhecidas: “acho que as lembranças são cócegas invisíveis que ficam dentro das pessoas”.
E ainda, “essa coisa linda que todos os dias me ensinava a cor azul: o mar grande, mais conhecido por oceano”.
Ao escolher falar para os jovens, Ondjaki recria uma época e um jeito de ser que emociona especialmente os adultos, “como fazíamos às vezes, debaixo de água, a rir de contentes, nessas vozes molhadas de gritos nenhuns e brincadeira inventada e descoberta à toa, até um dia alguém ter dito que esses eram 'gritos azuis'”.
Se o autor busca na memória ou na imaginação os fatos relatados, não faz diferença, afinal só é memória enquanto ainda está esquecida.
O que um dia pode ter sido memória, hoje é narrativa e, como diz o neto da AvóDezanove: “as estórias boas de contar são as que nós inventamos”.
Memorial/Mausoléu Dr, António Agostinho Neto Luanda Angola
”A explosão até acordou os pássaros adormecidos nas árvores e os peixes devagarosos no mar
Era afinal uma explosão bonita de ser demorada nos ruídos das cores lindas que os nossos olhos olharam para nunca mais esquecer.
Foi na PraiaDoBispo, no largo onde havia a bomba de gasolina, perto da entrada da famosa obra do Mausoléu.
De tanto olharem as cores com barulhos voadores no céu iluminado, poucos notaram que a enorme obra, que os maisvelhos diziam ser vertical, alta e com figura de um foguetão, essa obra de tantas tarefas como poeira e mil trabalhadores cansados, tinha começado a não existir mais, sobrando apenas uma poeira cinzenta que demorou muito tempo a baixar.
Tudo aconteceu muito perto de casa da minha AvóAgnette, mais conhecida na PraiaDoBispo por AvóDezanove.
Foi um tempo que os maisvelhos chamam de antigamente, ”
O monumento é real como se verifica pela fotografia, O imponente “obelisco/foguetão” com cerca de cento e vinte metros de altura , foi erguido no início dos anoscomo homenagem ao primeiro presidente de Angola, o comunista Agostinho Neto.
Apesar dos factos e dos acontecimentos descritos terem uma génese factual e concreta, o escritor Ondjaki n.
ficcionaos com uma escrita única e original,
O jovem narrador, sem nome, vive na zona da PraiaDoBispo, uma área da cidade de Luanda.
Estamos em meados dos anos, com a guerra civil angolana, os acontecimentos políticos, sociais e económicos, o colapso da União Soviética, conjugado com o declínio das relações económicas entre Angola e Moscovo e as relações com Cuba.
Ondjaki constrói um romance com personagens deliciosamente originais, peculiares no comportamento, na linguagem e nos diálogos.
Crianças que evidenciam uma sinceridade genuína, quase sempre ingénua, numa multiplicidade de acontecimentos, enquadrados em Luanda, uma cidade multirracial e multicultural.
A vertente ficcional satírica e as referências líricas, associamse a diálogos brilhantes e espirituosos, nomeadamente, na utilização do “portunhol”.
”AvóDezanove e o Segredo do Soviético” é um óptimo “dexplodir” literário, Uma das melhores leituras deste ano!!
Opinião completa no blogue: sitelink blogspot. pt/l Este é mais um livro em que Ondjaki nos brinda com personagens já nossas "amigas": a criança que conta a história na primeira pessoa, a Avó Agnete, que neste livro ganha a nova alcunha de Avó Dezanove, a Charlita e o Sr.
Tuarles, e outros personagens "castiços" como o camarada socviético Botardov pois dizia sempre "Bótard" ao cmprimentar as pessoas!
Excelente.
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Mais uma vez, é bem mais agradável ler estas história contadas numa fresca voz infantil mas mesmerizante de encanto e cheiro da terra, que os livros quiçás mais "intelectualizados" em que Ondjaki prova saber fazer acrobacias com as palavras, mas onde perde esta fresca voz.
Este adorei, vale mesmo a penas ler!
Maria Carmo
Lisboade Janeiro deDia de Reis.
Aquilo que o Ondjaki me consegue sempre passar nas suas estórias é uma infinita ternura pelos "lugares assim dentro" que certamente povoam o seu imaginário com fragmentos de infância.
Há muito carinho pelos locais e pelas personagens, sempre, E a escrita é do mais leve que há, mesmo ao abordar os grandes temas complexos: o amor, a morte, a saudade, o sentido das coisas.
. . Adorei tudo neste livro, fezme sorrir muito, Despeçome com um "botárd" afetuoso,.Estrelas
A minha estreia com Ondjaki foi fabulosa! A leitura foi simplesmente hilariante e as últimas páginas foram extremamente comoventes numa verdadeira ode à infância.
Quero ler mais do autor sem qualquer dúvida! Delicioso,
E vai falar ao coração de quem tem alguma relação com Angola,
O que eu gostei da parte dos jacós : AvóDezanove e o Segredo do Soviético, de Ondjaki
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Tudo o que Ondjaki toca, é poesia.
Tudo o que ele pensa, é poesia, Tudo é sentidos e arrebatamentos sensoriais, Provavelmente, muito do que ele é, é poesia, mas a forma como vê o mundo, tem tanto de poética como de clarividente.
Este foi o segundo livro que li do autor e, após este segundo, tive a confirmação de que quero ler toda a sua obra.
Este é um retrato de quem conhece por dentro a História de Angola na década dee.
De quem conhece bem as influências e intervenções de Cuba e da União Soviética neste país africano.
Os Botárdov e os médicos RafaelTruzTruz da vida angolana,
“ E a paz existe
Ahn
É que tão toda a hora a falar na paz, mas que eu saiba a paz ainda não existe.
”
Os livros de Ondjaki são sempre recheados de personagens tão vivas que é raro encontrar a mesma sensação em qualquer outro autor.
Neste caso, além dos referidos, que caracterizam um espaço e um tempo muito próprios do país, temos aquelas avós, cheias de amor, AvóDezanove e AvóCatarina, que estão sempre lá, com o colo, o afecto e a preocupação de quem é Casa.
“Mesmo que não me vejas eu estou por perto, A vida também é feita de coisas que não sabemos explicar mas que estão sempre lá.
”
E, claro, quanto mais livres as personagens, mais eu as elejo como predilectas, Desta vez, a minha personagem favorita é EspumaDoMar, a meu ver, o mais perspicaz, feliz e livre de todos.
“Na PraiaDoBispo muita gente tinha pena do EspumaDoMar, nunca entendi isso, pena porquê Uma pessoa que toma banho todos os dias a rir, uma pessoa que fala cubano e sabe das estrelas do céu e das matemáticas do valor do Pi, uma pessoa com um jacaré na casota do cão, pode até ser uma pessoa feliz e só ele é que deve saber isso.
”
E vocês, já
leram algum dos livros da obra de Ondjaki O que me aconselham Já agora, se não leram, façam um favor à poesia dentro de vós, quer a vejam ou não, e leiam.
Para acompanhar a leitura aconselho playlist criada por mim, no spotify, com o título do livro.
Deixovos o link sitelink spotify. com/user/ .
Parece mais um conto de fadas baseado da infância do autor, Lindo, fantástico, cheio da saudades, O livro tem no pano do fundo a visão dos habitantes de Luanda aos soviéticos e cubanos que estavam vivendo lá é construindo o mausoléu do Presidente Agostinho Neto a visão que se mostra pela variedade linguística do que eu gosto.
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