Study Conservadorismo Published By João Pereira Coutinho Available In PDF
conselho pode parecer acaciano, ou quem sabe extraído do conhecido livro do Mortimer A, mas é relevante: leia, antes de tudo, o título do livro,
Eu fiz de conta que o Coutinho tinha mantido o acento nas "idéias" e até fiz um acentinho a caneta na minha cópia, porque ainda podemos.
Mas perceber que se trata apenas de "idéias" sobre o conservadorismo, e não definições fechadas e definitivas sobre o assunto, pode poupar o mais afoito de alguma decepção.
Conservadorismo, é o mais nítido que diz o Coutinho, é antes de tudo uma "disposição" de espírito, acrescentaria o Acácio aqui,
Há muito proveito, ainda, naquilo que o Coutinho explica não ser do acervo conservador o imobilismo, sobretudo, Eu mesmo sempre achei que conservadores somos aqueles que sobem as escadas degrau por degrau, e que só vão ao próximo quando estão certos de que não há risco de voltarem ao degrau abaixo.
Alguns outros pulam degraus arriscando o pescoço outros mais, talvez a maioria, sobe e desce as escadas ao sabor de suas paixões, acabando sempre uns degraus abaixo de onde começaram.
Destes, alguns nem percebem que há uma escada, . .
E é verdadeiramente reconfortante que o Coutinho desculpem, acho uma delícia colocar o artigo antes do sobrenome, à moda lusitana mesmo com o arsenal intelectual de que dispõe, não queira definir o conservadorismo: conservadores temos muito em comum, sobretudo as diferenças e, quem sabe, um gosto por frases de efeito.
Do raso ideário da revolução francesa, é a utopia da igualdade que mais nos desperta a vergonha alheia,
A diferença que tenho com o Coutinho é semântica, apenas: ele às vezes opõe os conservadores aos "radicais", Embora eu compreenda que o adjetivo, em Portugal, tão mais próximo do Islão, tenha conotações específicas, eu tive uma professora que, chamada de "radical", por que a aluna a achava excessivamente rigorosa, respondeu, sangüínea: "sou radical sim, vou sempre à raiz das coisas".
O conservador, por isso, nessa minha concepção, é antes de tudo, um radical,
Por isso é possível arremedar às avessas o mais famoso começo de livro: todos os progressistas são iguais os conservadores o são cada um à sua maneira.
O livro de Pereira Coutinho é interessante, ainda que um pouco raso, Seu objetivo é uma curta explanação das ideias conservadoras especificamente sobre o conservadorismo inglês e nisso ele é bastante objetivo e conciso, como se espera,
Não sou um conservador, então é de se esperar que eu discorde de boa parte do que é dito no livro, ainda mais quando nossos conservadores estão longe de aderir às ideias que o autor coloca como "essencialmente conservadoras".
Primeiramente, a ideia de uma ideologia conservadora que é "reativa" e uma "ideologia de emergência" que só aparece quando "os valores da sociedade estão ameaçados" é pra mim uma concepção problemática.
Quais são esses valores Qual é ponto limite pra essa ameaça Quando temos conservadores como Olavo de Carvalho, que se apoiam nessa ideia de que existe um "marxismo cultural" que domina a tudo e todos, a sociedade está sob ameaça permanente e então, a reação é a norma.
Mesmo porque os valores que o autor acredita serem tipicamente conservadores são basicamente os do centro político: reformismo, condução do jogo político sem rupturas, visão orgânica da sociedade, etc.
A "prudência" só é descartada pelos extremos e aqui o autor argumenta muito bem de porque o conservadorismo não necessariamente é uma porta de entrada para o nazifascismo e sua visão utópica de sociedade.
Em contrapartida, o início do livro é bem fraco, pois demora pra achar um ponto razoável da "inclinação conservadora": só parece insistir no lugarcomum da defesa do bomsenso contra os excessos na política.
No final, as ideias do livro são até razoáveis: muito me alegraria se Bolsonaro e outros conservadores da sociedade brasileira fossem estas pessoas razoáveis como o conservadorismo descrito nesse livro.
Como o conservadorismo real não é o dos livros e o conservadorismo latinoamericano nada mais é que a manutenção de privilégios, de estruturas excludentes dentro da sociedade e da incessante procura do Estado para benefícios pessoais, o livro de Coutinho aqui é tão utópico quanto os revolucionários e reacionários que ele critica.
Por que é um livro importante para mim
Traz uma reflexão forte sobre a necessidade do sistema político se pautar na natureza humana como ela é, e não em utopias.
E com isso busca oferecer um sistema liberal em todos os aspetos com mecanismos fortes de contenção de vícios e exageros, Acredito que é realmente o que precisamos,
Traz a escola conversadora como uma abordagem política pautada na experiência, na estabilidade das regras que funcionam e na reflexão contínua sobre os riscos de piorar o sistema a partir de uma tentativa de melhorálo.
Crítica as mudanças revolucionárias, onde reformas acontecem por paixão e utopias e depois que passam o sistema que se estabiliza não é necessariamente melhor que o anterior.
Também apresenta discordâncias entre os próprios conservadores, onde p, ex. Thatcher é defendida no livro como conservadora enquanto outros a viam como uma vassala do "sociedade comercial",
Um ponto de atenção: o livro parece escrito para os conservadores, diz que é explicado a revolucionários e reacionários, mas eu que sou liberal e tenho afinidade com o conversadorismo tive que buscar os pontos positivos com um certo esforço, exceto nos dois últimos capítulos que são muito bons, ainda que também prolixos.
Algumas resenhas dizem que o livro é superficial, Com certeza é um livro pequeno, mas em alguns momentos é bastante prolixo, Hoje, um conservador, no Brasil, é associado ao retrocesso, reacionarismo, antipatismo, autoritarismo e à supressão das liberdades individuais ao menos para uma parte significativa das pessoas, Nessa obra, o autor João Pereira Coutinho esclarece, com linguagem clara e envolvente, muitas distorções sobre o verdadeiro Conservadorismo e o apresenta não como um fenômeno militante e ideológico um pensamento total e inequívoco que precede a realidade, mas como um modo da sociedade preservar o melhor que, com base na tradição democrática, ela criou para garantir a paz, a liberdade dos cidadãos e o vigor das instituições.
Recomendo! Ótimo ensaio de João Pereira Coutinho sobre o pensamento conservador moderno, apresentado como uma ideologia posicional e reativa, diferente portanto dos modelos ideacionais e ativos presentes nas utopias revolucionárias e reacionárias.
O estilo de Coutinho torna a leitura agradável, As inúmeras referências a autores notáveis como sitelinkEdmund Burke, sitelinkMichael Oakeshott, sitelinkRoger Scruton, sitelinkAdam Smith, sitelinkAlexis de Tocqueville, sitelinkKarl Popper, sitelinkJohn Kekes, sitelinkFriedrich Hayek e sitelinkIsaiah Berlin, faz deste um livro que abre apetite para aprofundarse no seu tema central.
A seção bibliográfica ao final do ensaio mostra o caminho das pedras, Escrevi esta "dedicatória" prefácio quando ofereci este livro a um dos meus irmãos os outros já sabem que vão te de levar comigo!!!.
É uma visão ligeiramente diferente do consevadorismo: parte de outro princípio e é menos fundamentada,
. Se tivesses oportunidade de mudar o mundo, se tivesses oportunidade de construir as instituições humanas,, aproveitarias a oportunidade para mudar o quê Acabarias com a desigualdade “Inventarias” os fins de semana dedias Acabarias com as línguas no mundo e impunhas o esperanto Acabavas com as fronteiras Acabarias com a religião E com as instituições militares Mudarias o esquema de produção Acabavas com os chefes Mudarias o sistema décimal, para um sistema binário Acabaríamos com todas as leis que permitem a descriminação sobre as mulheres Acabarias com a escravatura
As instituições humanas e as leias que nos regem, em todas as sociedades quer as ocidentais, quer a mais bizarra tribo perdida numa qualquer floresta virgem baseiamse num conjunto de experiências e princípios que ao longo dos séculos foram refinando, e aperfeiçoando.
Na maior parte das vezes por tentativa e erro, Com muita asneira. E há que ser honesto: o que temos é falível e imperfeito, Por vezes, ao longo da história, não há avanços, . . há recuos. Se algum de nós tivesse a oportunidade de mudar o mundo, que instituições mudaria
Se fossemos americanos, evidentemente que a pulsão seria mudar o sistema de saúde e de segurança social.
É de facto um escândalo que um país desenvolvido não tenha um modelo de proteção colectiva, E não consigo lembrarme de nenhum motivo válido para que eles não o tenham,
Porém, se conseguires apresentar uma mudança estrutural como uma das que mencionei acima,então não serás um conservador!!!!! mas acima de tudo e há aqui, propositadamente, muuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitttttttttttttttttttttttaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa provocação e a mesma dose de honestidade há menos pluralidade e menos democracia.
O que temos, ou o que não temos, foi construído de forma orgânica com o contributo de todas as gerações que nos antecederam.
É falivel, é!!! Não é perfeito! Mas foi feito, por estranho possa parecer, de forma inclusiva, E, sobretudo, e este é para mim o aspecto mais importante: tem presunção de eficiência, pois passou o teste do tempo, O QUE EXISTE MERECE ASSIM SER CONSERVADO,
Não significa que as coisas não possam mudar, ou que não devam mudar só temos presunção de eficiência, e não eficiência per si.
Claro que o mundo, as instituições sociais e humanas precisam de se reformar, mas não de uma mudança estrutural, Esta “mudança estrutural”, uma revolução, só deve ser implementada quando determinadas barreiras morais foram ou são quebradas, Por isso foram os conservadores que lideraram a luta contra a tirania que se aproximava com a revolução francesa, com o nazismo, o fascismo e o comunismo.
Churchill, De Gaulle são os exemplos mais gritantes no sec XX, Mas na escravatura também, com o Lincoln nos EUA com João Alfredo
Sousa no Brasil, O mais curioso, para a história recente, foi nos anosnos EUA com os senadores e o partido republicano a lutar pelos direitos civis e o partido democrata a ficar mais calado como ficou sempre calado até ao Kennedy.
propositadamente não falo de Pt
As mudanças têm por isso de ser graduais, É a única forma de estas serem inclusivas isto é, de terem os contributos de várias gerações e o processo eficiente, Recentemente quando perguntaram ao prémio nobel Angus Deaton, com uma história pessoal profunda de combate à desigualdade, o que é que ele gostava de mudar na sociedade, numa forma muito parecida com o início deste texto, se tivesse poderes para o fazer, este defendeuse: “nada.
Acho aliás essa questão bastante ofensiva”, Quando o entrevistador confrontou com o facto de que os países na Escandinávia tinham uma economia mais produtiva e manifestações de felicidade medida em inquéritos superiores, este mantevese firme: é o que eles quiseram.
. A segunda razão pelo qual os conservadores são conservadores, reside no facto de que estes acham que o homem é um “bicho mau” e que por isso a mudança tem de ser gradual.
Por vezes o homem ouve as vozes tenebrosas da natureza,
Assim, os conservadores acham que a sociedade se melhora, fundamentalmente, pela melhoria do carácter do indivíduo, A sociedade melhora quando o indivíduo combate as suas fraquezas e falhas, Claro que em tirania, como fascismo, nazismo, comunismo, tiranias islámicas, etc, um indivíduo deve lutar sobretudo contra as forças externas, Em todas as outras situações, e sobretudo num país decente como Portugal ou a generalidade dos países europeus, a maior batalha do individuo é consigo próprio.
A igreja, uma “escola” conservadora e rígida, afirma mesmo que a criança nasce “má”, em “pecado”, Para um conservador não há “bom selvagem”, Há maldade e cada um tem de se corrigir, e limitar,
A esquerda, no entanto acredita que a melhoria da sociedade se consegue no combate às falhas morais da sociedade, Por isso luta contra o racismo na sociedade, o sexismo na sociedade, etc, Aliás, quando ouvimos alguém falar de activismo, assumimos logo que será alguém de esquerda, O curioso é que a maior parte dos problemas mencionados pela esquerda são problemas individuais e mais facilmente combatidos com uma melhoria do indivíduo, . .
Pior, a esquerda acaba por estar mais preocupada com a política do que a direita, . . Pois a política é o terreno de actuação de quem quer mudar a sociedade, A direita defende, em alternativa, instituições como a família, a igreja e por vezes o trabalho, pois são essas as instituições que podem melhorar a condição humana.
A esquerda quer sempre a revolução social, a transformação rápida a direita não a quer, como se opõe a essa transformação.
Para um conservador mudar rapidamente uma sociedade que não está fundamentalmente errada ou é a melhor que a humanidade já viveu é um erro deixa de haver a tal presunção de eficiência
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Chegamos finalmente ao papel do Estado e à Liberdade: para um conservador só pode haver liberdade se houver autocontrolo, A celebre frase que a “minha liberdade só acaba quando começa a liberdade dos outros” traduzse num autocontrolo do indivíduo em referencias morais, Que, como visto acima, é conseguido com uma luta constante dos indivíduos consigo si próprios, Por isso, para um conservador, uma sociedade livre não precisa de Estado, O autocontrolo permite o exercício da Liberdade,
Para um progressista tem de haver um maior controlo do Estado para os indivíduos, já que estes não se conttolam tanto,
Claro que Estado tem de ser poderoso já que esta é a única forma de prover e impor bens públicos, Mas o poder do Estado não se pode comparar ao seu grau de intromissão
A mudança inclusiva, lenta e eficiente é uma ideia da Direita.
Mais, o facto de que o homem nasce em pecado e que tem de se controlar é uma ideia da direita, Finalmente, estes dois temas levam a uma ideia de liberdade, E a melhoria do indivíduo baseada na família, por muito que me custe na religião e na disciplina do trabalho leva ao progresso da sociedade no sentido certo.
. Mais, para um conservador não há assim um posicionamento de esquerda e direita ou causas definidas, A alteração de uma sociedade inclusiva, lenta, centrada na melhoria do indivíduo faz com que os desafios políticos nascem e morrem conforme o desvio entre o que a sociedade oferece em cada momento e a avaliação ética que cada um faz.
Para um conservador pode ser por isso a construção de um Estado Social, a luta contra a escravatura, liberdade económica, etc, Mas sempre desafios pragmáticos de avaliação do que existe,
Para um marxista a avaliação do que existe não altera as prioridades da luta: há sempre uma procura de uma sociedade sem classes.
O João Pereira Coutinho, neste livro, defende uma outra história do conservadorismo baseada no mundo inglês, A sequência dos argumentos é ligeiramente diferente da minha visão do conservadorismo, E está concerteza muito mais fundamentada,
O título original do livro no brasil é uma resposta aos revolucionários e aos reacionários, Aos que vivem de utopias do futuro revolucionários ou dos que vivem de utopias do passado reacionários,
Não há interpretações históricas, ou descrição de heróis, Há apenas a descrição do que se chama uma “predisposição conservadora” que por vezes se traduz num movimento político,
Espero que gostes!!,