que 'Esteiros' seja um bom livro, nunca consigo desligar a apreciação da expectativa que me conduz a cada obra, Assim, esperava mais deste livro, escrito pouco depois de 'Capitães da Areia' de Jorge Amado, com o qual encontrei alguns pontos em comum,
A história é triste apanágio do neorealismo, centrandose nas crianças e nas miseráveis vidas que vão arrastado à beira Tejo, à mercê das estações do ano e crueldade ou incapacidade dos crescidos.
Ainda que a realidade portuguesa tenha mudado muito nestes oitenta anos, é sempre bom descermos à terra de alguns e tomarmos banho na lama em que eles se movem.
Talvez desperte algo em nós, Este livro pode não ser uma obraprima muito discutível mas é apenas uma opinião mas certamente ajuda a fazer de cada leitor alguém um pouco melhor.
Mesmo que somente durante as semanas que se demorar na leitura, Mais do que um belo romance, “Os Esteiros” é uma genialidade das artes plásticas, Soeiro Pereira Gomes traça o retrato de uma geração, com o auxílio de letras e palavras, conjugando mais do que um mundo em cada oração: o realismo das descrições, da caracterização dos personagens e do universo o existencialismo dos sentimentos, das angústias e sonhos do indivíduo, condicionantes da sua perceção do real o impressionismo, porque no meio da realidade fielmente descrita, o romance foca o elemento principal caracterizador daquela geração de jovens adultos.
De homens que não foram meninos,
Um romance publicado em, portanto o autor teve a audácia de o publicar em pleno regime, onde acompanhamos o como um grupo de cinco crianças que atravessa os tempos ditatoriais em Portugal.
Não é um relato de situações reais mas um romance descrevendo , através dos cinco rapazes, as dificuldades derivadas das desigualdades que todas as pessoas mais pobres sentiam na pele e como sobreviviam em condições miseráveis.
Os rapazes que não têm tempo para amadurecer acabam por perder a sua infância, abandonam a sua educação e os seus sonhos e acabam por entregarse à exploração característica do regime.
Um livro deprimente mas importante para quem quer conhecer a história que por vezes acaba por não ser contada sobretudo para quem nunca atravessou esses tempos.
Este livro foi uma boa surpresa, Gosto sempre quando isso acontece,
Não ficou ainda pelo menos a ser um dos meus autores favoritos, mas a escrita de Soeiro Pereira Gomes tem algo de particular e de distintivo.
A história tem um ritmo muito próprio, e agradoume bastante esta forma de escrever,
Para além da escrita, temos aqui uma história muito realista, que retrata as duras condições de miséria e de pobreza em que a maior parte da população portuguesa viveu durante anos a fio.
Centrandose nas vidas francamente miseráveis e penosas de um grupo de crianças, o autor consegue nunca perder de vista o lado humano destas vivências.
Chega a ser profundamente comovedor,
Aconselho a sua leitura e a "descoberta" deste autor, Leitura obrigatória. Um grande clássico da literatura portuguesa e um retrato muito realista das vivências da época, Retrato da miséria e dos problemas de vida levantados pela pobreza e pelas condições precárias de sobrevivência, "Esteiros" conta a história de um grupo de miúdos que se aventura entre as maiores fantasias aventureiras e as duras condições em que vivem.
Com a escrita amargamente bela de Soeiro Pereira Gomes, tomamos contacto com uma realidade portuguesa que nos faz pensar sobre o passado e o presente do país, através do olhar trágico destas crianças.
Podese dizer que "Esteiros" é a versão aprimorada de "Capitães da Areia", não precisando de um epílogo panfletário para terminar, de uma forma lindíssima, esta história dos meninos que perderam a infância e cresceram cedo demais.
" moços que parecem homens e nunca foram meninos, " Li esta obra num exemplar muito velhinho que pertencia à minha mãe que o leu porque era obrigatório na escola, As letras são miudinhas, o papel é amarelo, as folhas estãose a descolar, . . e isso tornou a leitura ainda mais especial,
É efetivamente um livro triste, que relata histórias de miseráveis crianças que trabalham de sol a
sol e não vão à escola, mas uma tristeza que é preciso ser divulgada e não esquecida.
Como disse anteriormente, esta era uma leitura obrigatória no tempo dos meus pais embora o meu pai apenas o tenha lido pela primeira vez à cerca de um ano, pois na altura em que o devia ter lido optou pelos "fabulosos" resumos mas já não o é.
Infelizmente. Daria lições de humildade a muita gente, Obra do Neorealismo português, cuja narrativa se constrói essencialmente através de diálogos, com vista a imergir o leitor no universo do enredo.
Este trata das aventuras e da vida de um grupo de gaiatos, “moços que parecem homens e nunca foram meninos”, num Portugal dos anosde extrema pobreza, situação, aliás, transversal a toda a Europa, exceto no que diz respeito à educação e assistência social.
Portugal estava e estaria ainda durante vários anos mergulhado no analfabetismo e no trabalho infantil,
É um romance forte, sobretudo pela temática, e essencial,
“No seu corpo, o casaco parecia jaqueta de campino mas ele apresentouse à porta do cinema como se levasse na mão o bilhete de camarote.
Os porteiros riramse. E os companheiros, lá dentro, tiveram pretexto para a primeira algazarra, que, apesar das imposições de silêncio, só terminou quando Gaitinhas e os outros começaram a ler em voz alta as legendas, para que os analfabetos ouvissem.
Era um sussurro monótono a descer as galerias até à geral, que ficava à frente das cadeiras,
Mais devagar! berrou um rapaz, fraco em letras,
Também gaitinhas, deslumbrado com imagens e músicas, ia perdendo a fama de letrado,
Atão nã lês, Gaitinhas
A fita anda muito depressa, ”
“Desde então, Gaitinhas subiu de posto na quadrilha: repartia o dinheiro, conferia as sobras da fruta, e até escreveu uma carta para o Guedelhas mandar à namorada.
Que queres tu que eu diga perguntara, mais atrapalhado que em dia de exame,
Sei láQue estou embeiçado por elaE que no domingo váme ver jogar,
Mas ela sabe ler, Guedelhas
Não, Mas nã faz mal. ” This book is very special to me, I stumbled upon this book when I was a little girl, maybeoryears old, I can perfectly remember the book, which was in a very bad shape, poor little thing, A lot of pages were missing, Yet, I liked it so much that I would read it anyway, A few years later I decided to finally buy the book and read the whole story, Obviously, I loved it. And until today I still love this book, It tells the heartbreaking story of little boys who were so poor they had to work so they could provide for their families, Little boys treated like they were already grown men, working hard on factories, Their lives are difficult and they are forced to grow up too soon, Yet they still are innocent and pure they still dream like little boys, They are truly adorable. This books brings tears to my eyes everytime I read it, I think it's an amazing book, Among all the sadness there still is hope to these little boys, I recommend it to everyone, Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes
Publicado em, “Esteiros” é uma das obras mais marcantes do chamado neorealismo português, que li com imenso gosto.
O romance traça um quadro impressivo da vida ribeirinha na zona de Alhandra, por volta dos anos, designadamente do trabalho infantil e juvenil nos esteiros minúsculos canais, como dedos de mão espalmada, abertos na margem do Tejo.
Dedos das mãos avaras dos telhais, que roubam nateiro às águas e vigores à malta, Mãos de lama, que só o rio afaga, na dupla definição objectiva e metafórica do autor,
A narrativa desenvolvese em torno de um grupo de rapazes, entre ose os, que têm em comum um quadro de miséria e de privações materiais, de desestruturação familiar e que, por isso, ou vivem entregues a si próprios, recorrendo à mendicidade ou a pequenos furtos, ou se vêem na contingência de ter de trabalhar duramente apenas para assegurar a subsistência própria e da família, com o abandono da escola e, dessa forma, de qualquer hipótese de ascensão social.
Acompanhamos a dureza do trabalho nos esteiros, no campo ou na “Fábrica Grande”, a exploração a que são sujeitos, a violência e tirania dos patrões e capatazes ao mesmo tempo, percebemos como tentam manter os seus sonhos e lutar por eles.
Todavia, muitos desses sonhos estão já condicionados e limitados, no seu alcance, pela própria realidade em que vivem e que os amarra à miséria.
Gaitinhas sonha em voltar para a escola e cumprir o projecto que o seu pai tinha para si: ser doutor Gineto sonha apenas comprar um fato novo.
Em certa medida, apesar de contrapor o universo dos ricos e influentes ao universo dos miseráveis, o romance não o faz de forma maniqueísta.
Isso vêse na maneira como a relação de exploração se reproduz nos níveis superiores da “cadeia” social, designadamente entre os donos dos pequenos negócios mormente dos telhais, onde se fabrica tijolo com as lamas do rio e os donos das terras e/ou os industriais de que estão dependentes.
Uma interrogação que o romance também suscita é a do efeito criminógeno destas condições de vida, a qual é bem visível nas personagens do Gineto o mais irreverente e do Gaitinhas o que mais atilado.
Até que ponto esta miséria, esta sujeição tão precoce a condições duríssimas e injustas de trabalho, não impele à adopção de comportamentos marginais.
E será essa corrupção superficial, ou corre o risco de se tornar indelével
Tratase, pois, de um quadro realista de uma sociedade profundamente injusta, assente na miséria, analfabetismo e exploração, que condena grande parte da sua juventude, composta por moços que parecem homens e nunca foram meninos.
Numa linguagem clara, mas bem elaborada, privilegiando o discurso directo, o livro organizase em quatro partes, correspondendo às quatro estações do ano, Começa, porém, pelo Outono, ou seja, pela altura em que o trabalho escasseia e que as maiores privações se antevêem, E, sem que ao retorno da Primavera e do Verão corresponda o florescimento e a alegria da luz, do calor, Ao invés, a divisão do livro por estações apenas acentua a ideia de ciclo fechado, que se repete e do qual não se pode escapar.
Contudo, naquela que será uma marca genética da corrente neorealista, a narrativa não se encerra num horizonte sem esperança ao invés, prevalece a ideia de que este ciclo pode ser quebrado, assim os homens se empenhem e lutem por tal objectivo.
Esteiros é a história dos Capitães da Areia ribatejanos, meninos que, na década de, em pleno Estado Novo, são forçados a trabalhar em condições desumanas, na sua grande maioria sem escolarização e com condições de vida altamente precárias.
Este livro é sobre crianças que nunca puderam ser crianças e nós perdoamoslhes todos os erros que cometem, porque sabemos que são fruto da miséria em que vivem e desse vazio deixado pela ausência da infância.
Confesso, porém, que este livro me acertou em cheio no coração porque os meus avós são ribatejanos e começaram, ambos, a trabalhar aos dez anos de idade.
Meu Deus, que vontade danada de lhes dar um abraço!
A leitura de Esteiros nem sempre é fácil, quer pela narrativa, que não se desenvolve em todos os momentos ao ritmo e da forma como gostaríamos, quer pela história em si, que é bastante violenta.
Como romance neorrealista que é, Esteiros cumpre bem a agenda social e o papel denunciador que tinha forçosamente de ter, E é uma pena que este livro se perca por entre as obras literárias infindáveis e repetitivas dos Programas de Português do Ensino Secundário.
Gosto muito de Soeiro Pereira Gomes, As personagens, em especial os miúdos, a descrição de realidades tão longe mas tão perto de um Portugal que tem que evoluir para também se tornar mais humano.
Cada vez que leio Pereira Gomes, penso nos meus avós e em como era uma vida díficil,
Não consigo decidir se gosto mais de Esteiros ou Engrenagem mas aconselho a leitura de ambos, "Descansou os olhos embaciados no retrato, como se no olhar lhe fosse a vida toda" Um relato pungente de crianças que sofreram fome, perda de familiares, pobreza, desilusão de não ambicionar futuro e que, ainda assim, foram unidos no desespero e nas pequenas alegrias das tropelias.
Crianças obrigadas a crescer, à força da necessidade, Um livro marcante. “moços que parecem homens e nunca foram meninos, ”
Minha gente este livro arrancanos do lugar confortável onde estamos e atiranos para telhados de vidro, Não se fica indiferente a estas descrições, somos rasgados, com toda a crueza, com todos os relatos de miserabilidade, através de uma poderosa forma de linguagem.
Fala do nosso País, do nosso povo, das nossas crianças,
Fala de tantos como o meu Pai, que apesar de ter passado com distinção no seu exame daª classe e com menção de grandes expectativas futuras, teve que traçar o caminho que lhe estava destinado: servente nas obras, apesar de menino deanos.
De levar um caldo onde bebia a água para deixar escorridos osgrãozitos de arroz que lhe tinham cabido em sorte, com uma rodelita de batata e umas couvitas a dar cor ao “prato principal” e regado com um fio de azeite, isso sim, um luxo.
E de como uma sardinha era dividida em três, a cabeça para a Mãe, e o restante dividido pelos dois manos, Apenas a persistência, a curiosidade, a leitura de clássicos, o engenho, fizeram dele um autodidata, crescendo a pulso e deixandonos ainda hoje tão orgulhosos do seu percurso.
Desculpemme desviar para algo pessoal, mas o livro levoume para este passado tantas vezes contado e recontado,
Soeiro, contanos então as contradições sociais gritantes, os exploradores e os explorados, a mentira e a verdade objectiva sobre os que oprimem e os oprimidos.
Recomendo!
"Mas a voz afastase, Gaitinhascantor vai com o Sagui correr os caminhos do mundo à procura do pai, E quando o encontrar, virá então dar liberdade ao Gineto e mandar para a escola aquela malta dos telhaismoços que parecem homens e nunca foram meninos.
".
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Soeiro Pereira Gomes